sexta-feira, 14 de agosto de 2009

AS CRUÉIS MITOCÔNDRIAS



"Tem coisa que a gente aprende na escola e não entende bem pra que aquilo vai servir, se é que vai servir um dia".Na minha época de sétima série, eu tinha um colega que não admitia aprender o nome dos trocentos paises da Africa.
Eu, pelo contrário, sempre adotei geografia e sabia de cor todo os países e capitais. O que nunca me entroui na cabeça foi a importância de aprender o nome de tantos protozoários, bactérias, fungos, vírus e outros causadores de doenças.Na época eu estava curtindo meu primeiro amor platônico e só queria aprender a explicação pro meu coração acelerado e minha dor-de-cotovelo.
Na época eu ficava vendo umas bandas de havy metal com os nomes mais macabros do mundo: Overdose, Sepultura, Gangrena,às vezes em inglês, tipo Witch Hammer, tudo quando é podreira. E pensava: já que é pra pôr nome de doença, aleijão e morte, não custa nada acrescentar um pouquinho de bom humor. Acreditoque a minha Giardia Lamblia tinha tinha tudo pra virar uma febre.
Quando a gente estava descendo pra ir embora, notamos um garotinho de uns oito anos olhando praquela escada e morrendo de subir. Nessa hora um dos meus amigos, o Mauro, resolveu sacanear o menino:
- Se eu fosse você eu não subia não.
- Por quê? - o menino até tremia.
- Lá em cima tá cheio de mitocôndria!
Coitado do menino. Arregalou os olhos desse tamanho, engoliu seco, não sabia o que fazer.
- E isso morde? - ele ainda teve voz pra perguntar.
E o Mauro - até hoje não sei como ele conseguiu lembrar dessa aula tantos anos depois - teve a crueldade de responder:
- Morder não morde não. Mas sintetiza ATP.
Pronto o menino saiu em disparada pela praça de Ouro Preto, berrando "mamãe, mamãe!".
Só muitos anos depois, na aula de ciências, o pobre do menino deve ter percebido toda a sacanagem daquele dia.

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